sexta-feira, 11 de outubro de 2013


Ideais e realidade: uma aula reservada para crianças autistas bilíngües
Miriam Eisenstein Ebsworth, Pedro Ruiz
Resumo
Este estudo qualitativo abordou as experiências de crianças bilíngües, selecionadas com desordem do espectro autista em uma sala de aula de Educação Infantil Especial Bilíngüe. Os dados incluíram observação ao vivo, gravações em vídeo e entrevistas com os funcionários e pais. Apesar da dedicação dos professores, dos funcionários e da família, os desafios incluíram limitações lingüísticas de clínicos gerais, uso inconsistente de espanhol e/ou inglês, falta de compreensão dos pais sobre a natureza do autismo e demanda irreal de funcionários. O ambiente da barulhenta sala de aula, às vezes refletia aprendizagem, que freqüentemente significava transtorno. A preparação profissional de professores também era inadequada.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Dificuldades e Conquistas diárias


Novela 'Amor à Vida' chama atenção para o autismo e para histórias de perseverança
Mães de crianças com autismo falam das dificuldades e conquistas diárias


Dificuldades começam no diagnóstico

Foi difícil entender por que Muryllo, quando ainda tinha dois anos, não conseguia falar as primeiras palavras comuns para crianças da idade dele. A mãe Amanda Zimmerhansl Leite, de 28 anos, estranhou a dificuldade do caçula em interagir com outras crianças.

— Ele entrava no armário e ficava lá —, lembra Amanda.

Com a ajuda de um neurologista e de psicólogos, ela conheceu o autismo - transtorno global de desenvolvimento. Depois do choque momentâneo, a família aprendeu a conviver com a condição de Muryllo e a ser tão feliz quanto qualquer outra. Eles estão acostumados com as pequenas diferenças e sabem aceitar as limitações de cada pessoa.

Após o momento da descoberta do diagnóstico, algumas mudanças tiveram de ser feitas na casa da família Leite. Amanda não pode mais voltar a trabalhar. A dedicação a Muryllo, hoje com seis anos, precisava ser total. A irmã Julya, de oito anos, aceitou bem.

— Com cinco anos, ela me disse que entendia a situação. E que iria cuidar dele por toda a vida. Imagine uma menina de cinco anos falar isso. Foi a coisa mais linda que aconteceu —, conta a mãe.

O apoio da irmã ultrapassou as paredes da casa e continuou no colégio. Os dois frequentam a Escola Estadual Jandira D'Ávila, no bairro Aventureiro. Ele entrou no primeiro ano do ensino fundamental _ assim como todas as demais crianças de sua idade _ e ela está no segundo. Quando o menino anda com Julya no recreio, ele é frequentemente abordado pelas demais crianças. Eles querem segurar a mão, interagir com o colega e ajudar de alguma forma.

— As meninas costumam beijar ele no rosto. Não gosto muito disso —, diz Julya, enciumada.

O afeto dentro da família é tão evidente que é até retratado em uma camisa que Julya fez questão de usar durante a reportagem: "Eu tenho um irmão autista", acompanhada de uma foto da dupla.

O carinho da família é bastante diferente do que é retratado todos os dias na novela das nove da Rede Globo, "Amor à Vida".

A atriz catarinense Bruna Linzmeyer, que nasceu em Corupá, interpreta a autista Linda. Na telinha, apesar da preocupação dos pais e do irmão mais velho, a irmã Leila ainda encontra dificuldades para entender o que se passa com Linda.

A importância das descobertas

— No começo, também passamos por isso, não conseguíamos entender por que ele não obedecia, por que ele se isolava, por que as coisas tinham que ser do jeito dele. Hoje, nós sabemos que ele também precisa de limites e que precisa seguir uma rotina à risca —, explica Amanda, que tem acompanhado a novela.

Para a atriz, a preparação para viver uma jovem com autismo na ficção foi uma das coisas "mais ricas e emocionantes" que ela já viveu. Foram nove meses de estudos sobre o tema.

— Isso me acrescentou tanto que eu nem sei descrever. Eu fico até emocionada quando penso em tudo que aprendi. Esse é um universo muito rico, que me fez olhar tudo com outros olhos. Percebi que todos nós temos diferenças e semelhanças, medos e limitações, deficiências físicas e intelectuais. Não tenho dúvida de que não sou mais a mesma pessoa —, disse a atriz ao jornal carioca "Extra".

Autismo não é uma doença


Foi no modo de brincar que a professora de inglês Jaqueline Lopes, 30 anos, notou que a filha Érica Lopes dos Santos, hoje com seis anos, estava com algum problema. A garota se isolava demais. Procurou a ajuda de pediatras, que confirmavam que não havia nada de estranho nisso. Mas a mãe estava desconfiada. Foi com a ajuda do médico pediatra Edmundo Weber Filho que ela encontrou o significado: o autismo.

Érica tem síndrome de Asperger, uma forma leve de autismo. Mesmo assim, Jaqueline largou o trabalho para cuidar integralmente da pequena.

— Ela frequenta a Escola Elias Moreira, no 1º ano do ensino fundamental, e tem notas ótimas. O apoio que ela recebe dos profissionais da escola nos ajuda muito —, destaca a mãe.

Assim que Érica tiver mais autonomia, Jaqueline pretende voltar a trabalhar.
Em casa, uma das atividades preferidas da menina é ler. O que faz muito bem. A concentração dela é tanta, que chega a encantar quem a ouve lendo as historinhas, inclusive, com entonação. Outra paixão são os cachorrinhos da coleção Chi-chi.

— Se perguntar o número de cada cão do catálogo, ela vai saber dizer qual a raça —, conta uma orgulhosa Jaqueline.

O que é autismo?

A primeira coisa que precisa ficar claro é que o autismo não pode ser considerado uma doença. É um transtorno global do desenvolvimento.

— Podemos chamar de síndrome, porque o autista tem um conjunto de sintomas. E cada pessoa pode ter um conjunto diferente —, explicou a psicóloga e especialista em autismo Ana Carolina Wolff Motta, que atua na Associação dos Amigos do Autista (AMA) de Joinville.

Os graus do autismo podem ser divididos em leves, médios e graves _ quando a dificuldade de interação é grande, o comportamento é bastante agressivo e há retardo mental.

As características principais e a mais visível é a dificuldade de interagir socialmente. Está é a primeira coisa que os pais percebem, quando os filhos ainda são bebês. Muitos ainda têm problemas na visão, na audição e, principalmente, na fala. O comportamento também pode ser restritivo e repetitivo. Muitas crianças costumam repetir os que os pais e professores falam.

— Esta é a grande batalha. Fazer com que a criança não só repita o que falamos. Mas que ela consiga se comunicar, que consiga se expressar —, explica.

É importante destacar ainda que nem todos os autistas têm deficiência intelectual. Segundo estudos, cerca de 60% a 70% deles possuem.

— Muitos têm um grau mais leve de autismo. Na síndrome de Asperger, por exemplo, a principal característica é o isolamento e até a irritação em alguns casos. Mas eles não possuem dificuldade na fala e no aprendizado —, afirma Ana Wolff.

O tratamento do autismo pode ser realizado com medicamentos, em casos mais graves, mas principalmente com o apoio de profissionais como psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e neurologistas e, claro, dos pais. O acompanhamento deve ser diário.

As conquistas ocorrem todos os dias

Na AMA, por exemplo, as salas de aula contam com no máximo quatro alunos. Duas professoras os ajudam a entender jogos didáticos _ com formas geométricas, os ensinam a ir ao banheiro, a brincar, a conhecer letras, animais e cores. O trabalho é de formiguinha, mas o resultado é gigantesco.

Atualmente, 85 crianças e adultos são atendidos pela AMA, que completou neste ano 25 anos de atividades. A entidade é mantida com doações e parcerias. Para ajudar, as doações em dinheiro podem ser feitas na conta de número 06759-8, agência 0828-1 do Banco do Brasil.

Direito de ir à escola

Desde dezembro de 2012, a publicação da lei chamada de Berenice Piana trouxe novos direitos aos autistas brasileiros. Depois de anos de luta, a carioca Berenice, mãe de um jovem com autismo, conseguiu convencer deputados, senadores e a presidente Dilma Rousseff de que autismo é um tipo de deficiência. Junto disto, todos os direitos que os deficientes físicos e intelectuais conquistaram ao longo dos anos foram concedidos aos autistas.

— Antes da lei, o autista era invisível. Se uma escola não quisesse matricular uma criança, ela poderia simplesmente negar. Hoje não é mais assim —, explica a própria Berenice Piana.

Mesmo com a lei, em vigor há seis meses, pais joinvilenses encontraram dificuldades em matricular autistas na rede pública. A dona de casa Sandra Mara Gretter, 37 anos, por exemplo, não encontrou vaga nos centros de educação infantil. O filho, Vítor Pinter, de quatro anos, tem autismo e ainda não consegue falar. Ele precisava do apoio da chamada segunda professora ou da educadora, que atuam em escolas para garantir a educação inclusiva.

sexta-feira, 17 de maio de 2013


As pessoas com autismo serão todas iguais?

As necessidades educativas das pessoas com autismo
devem ser determinadas individualmente.

Os níveis funcionais destas pessoas mostram
tremendas variações. É, contudo, quase sempre possível melhorar o seu nível
de vida, mesmo na idade adulta, através da aplicação de programas
educacionais bem selecionados e estruturados.

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A compreensão básica da linguagem verbal pode
variar desde a não existência até um domínio perfeito mas a comunicação
verbal é quase sempre estranha e muitas vezes não acompanha a expressão não
verbal. a expressão verbal dos outros é muitas vezes mal interpretada.

Embora o autismo não seja uma doença, aparece
associado a algumas doenças, como é exemplo algumas manifestações de
epilepsia.

Como o autismo se processa ao longo da vida?

O autismo não pode ser diagnosticado apenas a
partir de um só sintoma, é necessário que estejam presentes simultaneamente
os sintomas principais o que acontece, por vezes, antes dos 3 anos.
Ao longo da vida há uma evolução dos sintomas
relacionada com as características dos diferentes níveis etários e com as
características individuais. A pessoa com autismo é um indivíduo único e
não deixa de passar por todas as etapas da vida como qualquer outro ser humano.

O bebé com autismo pode demonstrar:
indiferença, falta de interesse pelas pessoas e pelo ambiente, medos
estranhos. Não dá resposta ou dá respostas diferentes das dadas pelos
outros bebés. Pode ter problemas de alimentação, ou de sucção; ter falta
de interesse pela comida; rejeição ou preferência por certos alimentos.
Pode ter problemas de sono e chorar muito ou nunca chorar.

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Até aos 12 meses podem aparecer comportamentos
repetitivos, restritivos ou estereotipados (bater palmas, rodar objectos,
abanar a cabeça). A criança pode ter interesses obcessivos pela luz, por um
brinquedo ou objecto. Pode tardar a andar.

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Até aos 24 meses, manifesta-se a ausência ou
dificuldade de comunicação verbal e gestual. A linguagem pode tardar ou não
aparecer.

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A criança pode não manifestar interesse pelas
actividades de autonomia que começam geralmente nessa idade (querer comer
sozinho e vestir-se sozinho); dá respostas inadequadas aos estímulos
sensoriais: tem hipo ou hiper sensibilidade ao frio e ao calor, à luz, à dor
ou a certas texturas. Há falta de correlação da causa efeito.

Depois dos 2 anos, a criança pode não brincar
normalmente, não entrar em brincadeiras com pares ou com o grupo.

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A esta altura, os problemas do domínio cognitivo,
especialmente de linguagem, começam a estar presentes. A criança com autismo
usa a ecolália frequentemente. Fala, utilizando padrões repetitivos e não usa
o «sim» e o «não»; inverte os pronomes; escolhe palavras cujo som lhe
agrada e repete-as fora do contexto. Não compreende os sentidos figurados.

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O período dos 3 aos 6 anos é uma etapa muito difícil
para a criança e para os pais pois a deficiência manifesta-se claramente.
Podem aparecer comportamentos agressivos, birras sem causa aparente, medos
excessivos ou irracionais de situações diárias.

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Dos 6 anos à adolescência alguns dos sintomas
mais perturbadores de comportamento tendem a diminuir. Mas o autismo permanece
uma incapacidade para o resto da vida.

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Com educação adequada, os sintomas
podem não ser tão patentes e haver uma melhoria da qualidade de vida. Por
outro lado, um ambiente inadequado ou falta de educação apropriada podem
levar a uma regressão e/ou perda de capacidades previamente adquiridas e ainda
a deteoriação de comportamentos como a auto-mutilação, gritos,
destruição...

Autismo

O autismo é uma deficiência e não uma doença
mental.

Existem várias definições de autismo.

Autismo é:

a um problema neurológico ou cerebral que se
caracteriza por um decréscimo da comunicação e das interacções sociais

a uma desordem psiquiátrica em que o indivíduo se recolhe dentro de si próprio, não responde a factores
externos e exibe indiferença relativamente a outros indivíduos ou a
acontecimentos exteriores a ele mesmo. (New Lexicon Webster's Encyclopedic
Dictionary - 1991)

a uma desordem desenvolvimental vitalícia com
perturbações em "competências físicas, sociais e de
linguagem". (Sociedade Americana de Autismo)

A uma deficiência mental específica que afecta
qualitativamente as interacções sociais recíprocas, a comunicação
não-verbal e a verbal, a actividade imaginativa e se expressa através de
um repertório restrito de actividades e de interesses.(Frith, U. 1989)

Desde a década de 40 até aos anos 60, de modo
geral, acreditava-se que um indivíduo autista tinha o desejo consciente de não
participar em qualquer interacção social. Actualmente, porém, sabe-se que tal
isolamento não resulta de qualquer desejo ou vontade consciente e ocorre, pelo
contrário, na sequência de alterações neurológicas e bioquímicas que têm
lugar no cérebro.

A certa altura, pensou-se que na origem desta
desordem estaria uma falta de ternura e de calor humano por parte dos
progenitores. Sabe-se agora que tal não é verdade, uma vez que o autismo não
é causado por factores de ordem psicológica.

Assim sendo, com a experiência
das escolas ligadas a associações de pais em todo o mundo, as crianças com
autismo são educadas adequadamente por pais e profissionais em conjunto. Os
métodos utilizados baseiam-se, em grande parte, nas terapias comportamentais.

terça-feira, 14 de maio de 2013

O que é Autismo?

Muito se ouve falar sobre autismo, alunos autistas e síndrome de Asperger,
mas infelizmente muitos educadores mal sabem do que se trata. Tentamos
resumir nesse pequeno texto uma explicação simples e objetiva sobre esse
transtorno que atinge 1 em cada 110 crianças em todo o mundo.

Autismo pode ser definido como uma alteração cerebral, que afeta a
capacidade de comunicação e a socialização do indivíduo, este vive em
seu “próprio” mundo, o tornando alienado em relação ao ambiente. As
características do autismo são muito relativas, mas as mais divulgadas
são:

• Dificuldades de relacionamento com pessoas que não são do seu
convívio, preferência em estar sozinho, não identifica emoções, e nem
sabe expressa-las;
• Problemas na aquisição da linguagem, começam a falar tardiamente;
• Resistência à mudança de rotina;
• Pouco ou nenhum contato visual, olhos inexpressivos;
• Ecolalia, repete palavras ou frases que acabou de ouvir ou que ouviu há muito tempo;
• Acesso de raiva sem motivo aparente, podendo se tornar agressivo;
• Rituais de rotação de objetos, fazer poses estranhas e fixar o olhar em objetos comuns.
Ainda os autistas podem ter inteligência acima da média, alguns
desenvolvem altas habilidades diante de atividades artísticas, como
música, desenho e pintura. Existem ainda, casos de inteligência extrema
geralmente para cálculos matemáticos, ou a rápida memorização de
informações, mais isso parece ocorrer de forma mecânica, ou seja, apenas
decoram ou desenvolvem mecanicamente essas habilidades.

Esses são os principais sintomas, é relevante salientar que nem todos os
indivíduos com autismo apresentam todos estes sintomas, porém muitos
dos sintomas estão presentes entre os 12 e os 24 meses da criança. Eles
variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para sintoma, pois o
autismo se manifesta de forma única em cada pessoa.

Existe Também a Síndrome de Asperger que é uma síndrome do espectro
autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum
atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do
indivíduo.

Apesar do grande número de pesquisas e investigações clínicas realizadas
em diferentes áreas e abordagens de trabalho, não se pode dizer que o
autismo é um transtorno claramente definido. Há correntes teóricas que
apontam as alterações comportamentais nos primeiros anos de vida
(normalmente até os 3 anos) como relevantes para definir o transtorno,
mas hoje se tem fortes indicações de que o autismo seja um transtorno
orgânico. Apesar disso, intervenções intensivas e precoces são capazes
de melhorar os sintomas.

Embora não exista uma cura definitiva, já é possível conseguir bons
tratamentos que podem tornar o autista independente e, em alguns casos,
até produtivo. O diagnóstico e o tratamento precoce, o apoio dos pais, a
educação especial e, em alguns casos, as medicações, podem integrar ou
reintegrar o indivíduo autista na sociedade.

Em 18 de Dezembro de 2007, a Organização das Nações Unidas decretou todo
2 de abril como o Dia Mundial do Autismo. Em 2008 houve a primeira
comemoração da data pela ONU.